quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Retrato


O judoca Eduardo Santos reflete a atual situação esportiva do Brasil.

Em tempos de Olimpíada, somos tomados por aquela torcida de ocasião, um sentimento elevado de patriotismo. Assistimos ginástica, judô, natação, tiro ao alvo, levantamento de peso, qualquer competição que tenha um brasileiro envolvido.

Os narradores se esforçam para dar emoção às competições, na maioria das quais nossos atletas não têm condições de chegar entre os primeiros. Ficamos em frente à TV torcendo, quase sempre em vão.

Quem conhecia o judoca Eduardo Santos? Creio que ninguém. O cara chegou numa disputa de medalha por batalha própria, com ajuda de amigos e familiares. Não tem patrocinador e muito menos ajuda do governo.

Se ele ganha a medalha, chega no Brasil como herói nacional, participa do Faustão, dos jornais globais. Talvez até conseguisse um patrocínio e coisa e tal.

Mas e daí? Cadê a base? Quantos atletas existem por aí, batalhando um patrocínio e treinando em condições precárias.

A mídia que detém a maior força de cobrança perante aos governantes; deveria - ao invés de comemorar o oitavo lugar na natação e na ginástica, o quarto lugar no judô e etc. – cobrar fortemente as autoridades competentes pelas federações, o governo, seja lá quem for, mas cobrar.

Ganhar uma medalha de bronze (sem querer tirar o mérito) não devia ser tratado como uma coisa excepcional. Precisamos parar de se contentar com pouco. É o tal do complexo de vira-lata.

Olha o tamanho do nosso país! Quanta criança sem ter o que fazer o dia inteiro, pedindo dinheiro no farol.

É uma questão de boa vontade, disciplina e querer ser o melhor naquilo que faz.

Ficamos dependentes de surgir um Aurélio Miguel, um Gustavo Borges, um Robson Caetano por aí. Talentos isolados, exceções à regra.

Voltando ao nosso judoca e “lutador”: não tem que chorar no microfone da Globo e nem se envergonhar porque perdeu. Tem que GRITAR e cobrar: cadê estrutura, patrocínio e incentivo. Aproveitar a exposição, porque daqui uma semana ninguém mais lembrará.

O talento e a genialidade do Phelps são incontestáveis. Mas a estrutura que ele tem ajuda bastante.

Como querer se candidatar pra uma Olimpíada, gastar milhões, se não temos o básico, que é uma estrutura decente para nossos atletas?

Um comentário:

Raquel Sallum disse...

Pra mim os atletas brasileiros são mais heróis que todo o resto, pois passar pelas dificuldades que eles vivem diariamente e ainda ter pic para representar um país que mal te dá atenção, isso é desaforo, mas enfim!!! O patriotismo continua!!